concepção

Geraldo ligou para o amigo, queria ter notícias.
- Oi, tudo bem? Como estás?
O amigo não estava muito bem. Havia passado por dificuldades, causadas por ele mesmo. No meio da conversa, comentou, em tom desanimado:
- Olha, estou decepcionado comigo mesmo...
Ao que Geraldo completou, empaticamente:
-Eu também, meu amigo. Eu também estou decepcionado comigo.

A idéia de Geraldo estava certa. Mostrar que não há como, ao longo da vida, não nos decepcionarmos conosco mesmos em vários momentos. Aliás, se quisermos ser sinceros e honestos, é algo até necessário, inevitável.

Sim, eu sei que esta afirmativa vai na contra mão de um mundo cheio de autos: auto-estima, auto-imagem, auto-motivação. Mas a verdade é que enquanto o ser humano acredita que tudo está neste auto, isto é, em si mesmo, acaba adiando o que é inevitável: decepção, pois não há estrutura humana capaz de manter-se estável e constante. A única maneira de não nos decepcionarmos conosco é decepcionarmos os outros, ao nunca assumirmos a culpa pelas nossas decepções.

É quando nos decepcionamos que começamos a enxergar diferente. A partir daí, agarrarmos com força a Mão de quem jamais nos deixa na mão. A fé nos leva a deixar de procurar em nós mesmos e vermos que em Deus está o nosso querer e também o nosso realizar. Então, a decepção transforma-se em percepção. E nova concepção: Jesus nos reanima e nos faz caminhar.
Não vale a pena viver a ilusão de um suposto ‘eu posso’ constante, sabendo que vamos tropeçar e cair. Vale mais sermos sinceros diante da realidade que é com Ele que podemos, de fato, ter forças pra poder prosseguir.

Decepcione-se. Permita-se esta concepção. É exatamente nesta fraqueza nossa que Ele age com Força, dando a certeza de que a fé jamais vai nos decepcionar.

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