Conhecimento e fé
por Fernando Garske
Você já ouviu alguém dizer que “fé é coisa de gente sem
instrução”?
Richard Dawkins, por exemplo, disse certa vez que a falta de
informação é que leva pessoas a recorrer à religião. Para ele, como para muitos
outros, fé e conhecimento são inimigos irreconciliáveis. De fato, religiosidade
fanática e supersticiosa não se mistura com o saber. São como água e óleo. Mas
o que dizer do zelo que a fé cristã historicamente tem demonstrado pela
educação?
Jesus deu aos apóstolos a ordem de fazer discípulos batizando e
ensinando. (Mateus 28. 19,20). Os pais eclesiásticos cedo introduziram o
sistema de Catequese. Martinho Lutero, ao se defrontar com uma Alemanha de
analfabetos, que não podia ler a Bíblia, escreveu: “Aos conselhos de todas as
cidades da Alemanha, para que criem e mantenham escolas”. E aos pais
desmotivados em enviar seus filhos à escola: “Uma prédica para que se mandem os
filhos à escola”. Nos Estados Unidos, preocupado com a educação cristã dos
jovens, o pastor John Harvard decidiu fazer uma generosa doação em dinheiro e
compartilhar os seus livros. A pequena escola, fundada na ocasião, é conhecida
hoje como a Universidade de Harvard. Exemplos parecidos temos em nossa região,
onde as escolas cristãs já atuavam antes mesmo das públicas.
A própria pedagogia moderna mistura a sua história com a história
da igreja. O “pai” da didática moderna, João Comenius, era um pastor dedicado a
educação. No século 17 escreveu “Didática Magna” onde afirmou que educar é
ensinar “tudo a todos”. Lançou assim os pilares do ensino obrigatório (a
meninos e meninas), sistematizou a educação e propôs a criação de escolas
atraentes, que incluíssem recreação e o lazer.
Tanto no passado como no presente, a fé e a devoção a Cristo como
Salvador não compactua com a ignorância, mas incentiva e promove o ensino e o
conhecimento. Nas palavras de Felipe Melanchton: “A ignorância é a maior
adversária da fé, e, por isso, ela deve ser combatida”.
Rev. Fernando E. Garske
Novo Hamburgo, RS
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