A Favor


Olhe para a lista abaixo e, para cada descrição, veja se não vêm à mente, rapidamente, nomes que você conhece.
-Fulano é do tipo que quase nunca sorri.
-Fulana é tipo de pessoa sempre atrasada. 
-Aquela pessoa é sempre a primeira a colocar defeito.
-Aquele que sempre tem uma resposta pra tudo.
-A pessoa que não aceita criticas.
A lista poderia ser grande e, para cada item, lembraríamos de um rosto.
Agora, pense o quão limitada e limitadora é esta nossa tendência, de definirmos e reconhecemos pessoas por um único atributo. E, não raramente, um atributo ruim. Não sabemos como a pessoa é em casa, com amigos, em eventos, em outras situações. Não prestamos atenção em suas outras qualidades. Está dado o rótulo e é assim que ela será reconhecida.
É ruim, não há dúvida. Mas, simplesmente, não conseguimos evitar.
Pelo que você quer ser conhecido? Por ser o que logo se irrita, logo tempo opinião contrária? Logo não concorda? Logo grita? Logo fica magoadinho? Ser aquele do sobrenome encrenqueiro – “Fulano é da família tal, eles são assim, mesmo.” ?
E sua fé, como gostaria que fosse reconhecida: por um único assunto, por um único tema? Por uma opinião contrária? Aquela que, logo, tem uma crítica a fazer? Aquela que sempre soa moralista, condenando os erros de Deus e o mundo? Sim, de Deus também, pois, ao que parece, o ser humano consegue achar que até Deus errou deixando fulano estar vivo, siclano ser contra a minha ideia ou tal evento ou fato acontecer.
Pelo que você quer que sua fé seja reconhecida? Pelo que você é contra?
Pode ser que os cristãos, em muitos momentos, façam isto. Pode ser que nós mesmos venhamos a agir assim. Darmos a entender ao mundo que o cristianismo deve ser entendido a partir daquilo com que não concorda, ou como precisando de uma causa contra a qual lutar.
Mas não é assim. A Bíblia possui 66 livros e uma infinidade de abordagens. Reduzi-la a uma causa ou uma opinião dominante seria desprezar a grandeza da obra de Deus.
Se, ainda assim, em virtude da rapidez ou pouco espaço de expressão, ainda for necessário resumir a fé cristã em pontos específicos, ele não será uma causa, uma ideologia, uma opinião contraria, nem “a minha verdade pessoal e você não tem nada com isso”. Será amor. Amor de Deus por nós. Amor nosso a Deus e ao próximo. Pode também ser um resumo em duas imagens- a cruz e o túmulo vazio. Ou resumo em duas palavras – fé e amor. Ainda, resumo em duas atitudes – coragem e consideração.
Pelo que você quer que sua fé seja reconhecida? Pelo que você é contra? É um caminho.
Mas quando andamos no Caminho, que também é Verdade e Vida, já temos o conteúdo suficiente do qual falar a favor.


(P. Lucas André Albrecht)

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