Rugas do sorriso
por Marcos Schmidt
Para não envelhecer, uma britânica de 50 anos não sorri há 40
anos. Ela educou os músculos a fim de conter as expressões faciais e evitar as
marcas do tempo: "Todo mundo pergunta se tenho botox, mas eu não tenho,
graças ao fato de não sorrir desde minha adolescência". Mas, essa vaidade
provoca efeitos contrários. É que os músculos em movimento aumentam a
quantidade de sangue onde atuam e ajudam a calcificar os ossos. Através do
sorriso, pele, músculos e ossos ficam saudáveis e mantem a aparência mais
jovem. O sorriso também ativa a produção da serotonina e das endorfinas,
substâncias que estimulam a sensação de bem-estar, melhoram o humor e previnem
contra a depressão. Pobre dessa britânica, busca a juventude mas colhe a
velhice precoce.
Engraçado, mas nosso jeito de vida é bem isto. Lutamos pela
felicidade, mas estamos sempre infelizes. Inventamos máquinas para ter mais
tempo, mas sempre correndo contra o relógio. Aprimoramos a tecnologia para uma
vida melhor, mas sempre estressados. Trabalhamos que nem loucos para ter mais
dinheiro, mas cada vez mais endividados. Construímos casas sofisticadas, mas
sem tempo para morar nelas. Descobrimos tratamentos de cura, mas outras doenças
aparecem. Aperfeiçoamos os meios de comunicação, mas nossos relacionamentos se
complicam sem parar. Diminuímos distâncias com veículos modernos, mas nos
distanciamos uns dos outros por ódios e ressentimentos. Grande ironia, tudo o
que fazemos produz efeito contrário do que pretendemos.
Salomão descobriu que "quanto mais sábia é uma pessoa, mais
aborrecimentos ela tem" (Eclesiastes 1.18). Então aconselha: "Seja
feliz enquanto é moço" (11.9). Querer lutar contra as rugas da alegria num
mundo onde sempre vamos sofrer é "correr atrás do vento" (2.11). Ao
falar das contrariedades na vida cristã, o apóstolo confessou: "Nos
alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a
paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a
esperança" (Romanos 5.3,4). Sem rugas, a vida perde a graça.
Rev. Marcos Schmidt
Novo Hamburgo, RS
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