Reter o perdão?
Mas...é possível reter o perdão?
De fato, há situações onde, infelizmente, isto pode acontecer.
O outro vai ter que reter o perdão, primeiramente, se você é alguém não se arrepende. Porque neste caso, em vez de bem, o outro faria mal a você, levando-o a crer que é possível agradar a Deus fora de arrependimento e fé.
O perdão poderá acabar tendo que ser retido quando o seu arrependimento apresenta evidências de não ser sincero. Atitudes incongruentes com o pedido de perdão. Isto ajudaria na sua dissimulação, fortalecendo o sentido de que basta aparentar que já é possível enganar a todos. E, no entanto, você vai enganar o seu próprio coração.
É possível que ele acabe tendo que ser retido se for percebido que você tenta pedi-lo apenas para se beneficiar externamente do perdão obtido, enquanto dezenas de outros podem sofrer as consequências desta encenação.
Talvez o perdão acabe sendo retido quando se nota que a necessidade do perdão ainda não aconteceu. Antes do anúncio da cura, o Evangelho, é preciso a Lei para o reconhecimento da doença. Se não, fica afastada a medicação.
No fim, todas as situações se reportam à primeira. E reter o perdão é pressuposto bíblico, da boca do próprio Jesus. O perdão é precedido de arrependimento que acaba, de uma ou de outra forma, se manifestando de forma clara.
Mas não com uma intenção de punição sádica, um jogo de egos ou uma tentativa de manipulação. Única e exclusivamente como um levar à reflexão profunda, a um reconhecimento sincero. Um abrir caminho com a Lei Divina procurando tocar o coração, para que ele seja conduzido ao sincero arrependimento – que se apresenta, inclusive, com atitudes que confirmam essa sinceridade - e então, não tenha retido o pedido de perdão. Ao contrário, o receba abundantemente, sendo lavado completamente por Cristo, que obteve esta remissão.
A partir daí, podemos manter uma certeza constante. Não vamos querer nos afastar nunca desta fonte de amor.
E sermos perdoados sem retenção.
(P. Lucas André Albrecht)
Comentários