Atos de amor
Depois
de algum tempo notando a atitude, Mauro não se conteve e perguntou ao amigo:
-
Paulo, já faz tempo que você toda sexta leva flores para a sua esposa, não?
-Sim,
alguns anos.
-Pois
é; eu duvido que você faça isso com um sentimento de amor. Eu acho que isso já
virou rotina.
-Bom,
você não está de todo errado, Mauro. Já é uma certa rotina e eu não tenho um
sentimento eufórico cada vez que faço isso.
-Pois
é. Então, será que isso é amor mesmo?
-Bom
aí você mudou a fala. Antes, mencionou “sentimento de amor”, como se amar
sempre precisasse gerar alguma sensação corporal. Agora, se você está falando
de amar de fato, eu te afirmo que sim, faço isso por amor. Pois eu acredito que
amor se cultiva com amar – verbo de ação constante e intencional.
Costumamos
confundir amor com paixão, prazer, boa sensação, alegria e outros sentimentos
que são momentâneos.
Só
que para cultivar o amor não é preciso necessariamente “sentir”. Mas sempre é
preciso amar.
Pense
na mãe que atende o filho no meio da madrugada, no pai que diz não à criança
que pede até chorando. O amigo que sai no meio da noite de chuva, a amiga que
abre mão de algo que gosta para poder ajudar. Quem gasta tudo o que tem, quem
perde tudo o que tinha, quem passa por provações ou por necessidade, apenas para
poder amar. Que tipo de “sentimentos bons” estas atitudes provocam? Bem poucos.
Até
quando olhamos para Jesus Cristo, veremos que o momento em que ele mais nos
amou foi quando tinha a cabeça traspassada por espinhos e com pregos queimando
suas mãos. “Sentimento bom” zero. Amor perfeito infinito.
O
amor sempre se converte em ação. E, por isso, pode também ser rotina e
repetição. Fazer sempre de novo aquilo que vê como necessário o coração. É
superar o cansaço para fazer valer o que vale a pena, e enfrentar o medo e
angustia por acreditar que vale a pena agir movido por fé e convicção. E é
sentir-se amado por Quem nunca vai se cansar de comunicar seu amor ao nosso
coração.
Pois
precisamos lembrar de que as pessoas precisam menos de 'Eu te amo' e mais de
atos de amor.
E,
se deixarmos um pouco de lado o império dos sentidos com o qual especialmente
romances, filmes e novelas insistem em querer o amor rotular, veremos que o
cotidiano é que contem a essência do que é o verdadeiro amar.
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