É preciso refletir e discutir sobre Educação no Brasil
Professores
acreditam que é necessária uma mudança cultural
O Brasil passa
por um momento em que cada vez mais diminui o número de pessoas que procuram as
licenciaturas e o magistério como escolha profissional. Ser professor, não é
fácil. A profissão é desvalorizada financeira e culturalmente. Com a proposta de
se pensar a educação e buscar alternativas que colaboram para uma mudança desta
realidade, os professores dos Programas de Pós-graduação em Educação (PPGEDU),
Marisa Vorraber da Costa, e Ensino de Ciências e Matemática (PPGECIM), Arno
Bayer, são apenas dois dos muitos educadores da ULBRA Canoas que pesquisam o
tema e procuram incentivar a discussão e a busca por melhorias.
“A educação
básica brasileira vem tendo muitos problemas e deixando muito a desejar, já
desde meados dos anos 1970, e boa parte deste declínio de qualidade deu-se em
consequência da incapacidade de sucessivos governos diante do imenso desafio da
universalização da escola”, destaca a professora Marisa.
Para ela, colocar
todas as crianças em sala de aula é um grande desafio político-social, mas isto
resolve apenas parte do problema. “Oferecer educação de qualidade exige
persistência, além de um variado conjunto de iniciativas e ações. O que se
investe na escola precisa ser igualmente investido na formação inicial dos
professores”, argumenta.
Arno Bayer
concorda com a colega, lembrando que nos anos 1970 o professor tinha status e um
bom salário, mas esta realidade começou a mudar no início dos anos 1980. Ele
acredita que o pior problema da educação, atualmente, mais do que os baixos
salários, é a falta de interesse dos jovens em optar pela docência. “Em função
disso, os educadores estão envelhecendo e o cenário é assustador”, alerta o
professor.
Bayer informa que
em uma pesquisa de 2009, realizada pela Fundação Carlos Chagas, sob encomenda da
Fundação Victor Civita, constatou-se que 41% dos professores brasileiros estão
na faixa acima dos 40 anos. A mesma pesquisa revelou que apenas 2% dos alunos
que estão no Ensino Médio pretendem escolher a licenciatura como carreira
profissional e destes 80% são oriundos de escolas públicas. De acordo com o
professor, outro dado alarmante é que 30% destes estudantes que escolheriam ser
educadores são os que tiveram as piores notas na escola. Bayer destaca, ainda,
que, em comparação a outros países na América do Sul, o Brasil é um dos que mais
paga mal seus professores.
Ambos os
pesquisadores destacam que é preciso qualificar a preparação dos educadores. “Os
professores precisam de tempo e de livros para ler, precisam ir ao cinema, a
museus, conhecer bem sua cidade, ver bons programas de televisão, viajar um
pouco. Tudo isso são atividades indispensáveis para conhecer o mundo em que
vivemos e para o qual é preciso educar as crianças e jovens”, salienta
Marisa.
A professora
lembra ainda que, por muitas vezes, o próprio professor não se valoriza e isso é
resultado de uma questão cultural. “A educação que se recebe em casa não
colabora para que o aluno reconheça o valor do estudo e do profissional que
transmite o conhecimento”, argumenta.
Neste contexto, o
professor Arno Bayer argumenta que, além do empenho da escola, é preciso o
envolvimento de governos, da mídia e também da iniciativa privada. “Temos
condições de mudar esta realidade, basta vontade”, acredita.
Fonte:
Daniele Farias
Assessora de Imprensa – ACS Imprensa – ULBRA
Assessora de Imprensa – ACS Imprensa – ULBRA
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