Dose adequada
Desde pequenos aprendemos que nossa dieta regular precisa conter o elemento ferro. Além do feijão, costelas de porco, vitela e cordeiro são exemplos de boas fontes deste que é o segundo metal mais abundante sobre a terra e que tem papel fundamental em nosso organismo. A célula do sangue é formada por proteína e ferro, além de outros componentes, e, por isso, a falta dele causa a anemia.
Mas existem pessoas que vivem o contrário. Seu nível de ferro é elevadíssimo. Acontece que, quando a alimentação não é correta – exagero em gorduras, por exemplo -, o fígado, que é nosso deposito e distribuidor de ferro, acaba recebendo uma dose exagerada deste elemento. E fica sem saber o que fazer com tanto estoque. Aí, começa a distribuir o metal pelo corpo inteiro. Para o rim por exemplo, ou o coração. E isto é sinônimo de problema. Sério.
Essa pode ser uma boa ilustração para explicar o que acontece neste período do ano.
As pessoas passam seus meses com uma dose regular de alegria, tristeza, conquistas, derrotas, mas via de regra uma vida mais ou menos bem levada. Só que, quando chega perto do Natal – ou ultimamente, até longe mesmo –, elas começam a receber doses exageradas de ‘ferro’, isto é, acreditam que precisam ser desesperadamente felizes, alegres, ter paz, alegria, felicidade, comprar presentes, dar presentes, receber presentes, desejar presentes, ganhar presentes, comprar, gastar, visitar, contatar, confraternizar... haja fígado pra tudo isso. O resultado é que começam a distribuir da maneira mais desordenada e desesperada possível toda esta ‘energia extra’. E os resultados não raro são frustrantes. Ou perigosos.
Ausência do componente ferro no organismo pode gerar anemia. Mas o excesso pode ser ainda pior.
Igualmente, não é porque um velhinho de barbas brancas fica insistindo que temos que sorrir de outubro a 24 de dezembro – pois sabemos, de 25 em diante, poucos ficam com a paz, alegria, esperança e felicidade do Natal. – que precisamos consumir este apelo desenfreadamente. O excesso pode matar. Nossa fé. Nossa alegria. Nossa consciência.
Quando o centro do natal permanece Jesus Cristo, a chance de equilibro é maior. Porque Ele não existe só algumas semanas antes do dia 25. Está bem distribuído pelo ano novo. Ele avança pelo verão, morre na sexta-feira santa, ressuscita na Páscoa, passa conosco o outono e o inverno. Pois ele veio para salvar, perdoar e estar perto todos os dias. Ou seja, a dose de fé, que é nosso ‘ferro’ pra vida, está equilibrada. O que colabora para mantermos níveis saudáveis de sanidade e paz da alma. E do corpo também.
Contra a superdose natalina de ‘ferro’ - que esconde uma anemia preocupante -, podemos tratar nosso ‘fígado’ como ele merece: viver o Natal em fé naquele que é o Natal – Jesus Cristo.
Uma dose adequada de equilíbrio e paz.
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