Quaresma

por Herivelton Regiani

Esta é uma época em que poderia escrever sobre os perigos e excessos do carnaval. Afinal, muita gente desavisada ou empolgada com a festa e com seus atrativos acaba se machucando, fazendo mal ao seu corpo e alma, ou ao corpo e alma dos outros. Mas resolvi falar de outra coisa (na verdade, não totalmente outra, como poderá notar quem ler todo o texto). Quero compartilhar algumas curiosidades sobre a Quaresma. Sim, este período da tradição cristã que começa hoje, na Quarta-feira de Cinzas.

A quaresma é uma etapa do calendário da Igreja Cristã que lembra especialmente a obra de amor e o sofrimento de Cristo por nós. É preparação para a Páscoa, a data central do calendário cristão. Pela ênfase no sofrimento de Jesus, a quaresma também é tempo de arrependimento, de exame de nossa própria vida, de oração e de reflexão.

No início da era cristã, havia um período de jejum quarenta horas, que terminava com um culto pascal no domingo. No terceiro século, o período ganhou mais seis dias, e ficou que conhecido como Semana Santa. Em 731 d.C, no tempo de Carlos Magno, foi que se instituiu a quaresma como a temos hoje. São quarenta dias (sem contar os domingos), de preparação para a Páscoa. O número quarenta lembra vários acontecimentos bíblicos. Entre eles, o tempo que durou a tentação de Cristo no deserto, o jejum de Moisés no Monte Sinai, o jejum do profeta Elias e os anos que o povo de Israel viveu no deserto.

O primeiro dia da Quaresma passou a ser chamado de "Quarta-feira de Cinzas", pois desde o Antigo Testamento as cinzas são símbolo de arrependimento.  Se tornou tradição colocar cinzas sobre as cabeças dos fiéis e dizer: "Lembre-se de que você é pó e ao pó tornará."

Outra tradição que surgiu foi a abstinência de algumas comidas nessa época, como a carne vermelha ou alimentos muito fartos. E assim, o dia que conhecemos por carnaval (a terça-feira antes do período de abstinência), foi marcado como o dia de “despedir-se da carne”. Talvez seja essa a razão por que, entre nós, chamamos o dia de “terça-feira gorda”.

Qualquer que seja o costume que você tenha nesse período, é importante refletir sobre as razões que o fundamentam. Qualquer que seja a tradição, deve estar voltada a enaltecer o ponto central: Cristo morreu por nós quando ainda vivíamos no pecado” (Romanos 5.8).

Por causa do que Jesus fez por nós, hoje somos chamados a refletir bem sobre nossos pensamentos, palavras e ações, levando em conta que nosso corpo e alma pertencem a Ele, que se sacrificou para nos libertar. Lembramos que podemos ser felizes e nos alegrar sem fazer coisas que ofendam a Deus, ao nosso próximo ou à dignidade com a qual fomos criados.


(Curiosidades retiradas do artigo do Rev Lotário Sander
para a revista “Mensageiro Luterano”,
Abril de 2001)

Rev. Herivelton Regiani
Capelão do Colégio Ulbra Cristo Redentor
Canoas, RS

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