O propósito

Quase todo mundo viu o lance. Kaká, durante o jogo contra o Chile na Copa da África 2010, arrisca um chute da entrada da área. A bola sobe demais e se perde pela linha de fundo. Quando a câmera fecha o close no atacante brasileiro, um palavrão de 3 partes aparece em sua boca.

“Mas, hein, o Kaká não é atleta de Cristo? Como foi falar um palavrão?”

Esta é uma dúvida típica e até normal. Se ele é cristão, porque falou palavrão, tomou cartão vermelho? Ou, saindo do campo e entrando na vida diária, porque aquele cristão cometeu este ou aquele deslize, esta ou aquela imprudência? Por que aquela cristã passou no sinal vermelho ou não deu esmola a um mendigo?

E a culpa por esta concepção muitas vezes é dos próprios cristãos.

Isto porque sempre que tentarem mostrar o cristianismo como um ‘manual de boa conduta’, mera religião de moral ou uma transformação que vai nos fazer viver “o comportamento ideal”, estão incorrendo num grande engano. Se o propósito central do cristianismo é fazer pessoas melhores, então é muita arrogância dizer que “Só Jesus é o caminho”. Pois há várias outras religiões que tornam as pessoas melhores. As vezes, até com mais eficácia do que a religião da Bíblia.

Não existe perfeição. Nem no cristianismo, nem em lugar nenhum.

É importante deixar claro, portanto, que o grande e central propósito do cristianismo é: salvar pessoas. Anunciar que Jesus Cristo veio ao mundo para, primeira e fundamentalmente, dar sua vida para que o ser humano pudesse ser salvo de seu caminho errado e colocado no caminho que conduz á vida eterna. Esta é a transformação. E está, sim, só Jesus Cristo realizou.

A partir daí, sim, a vida do cristão procura ser a mais correta possível, mas sabendo que vai errar. Anunciar o perdão, mesmo sabendo que irá pecar. Procurar o equilíbrio, mesmo sabendo que vai se desequilibrar. Ou seja, um cristão também pode vir a errar. A verdadeira transformação aconteceu no interior, no coração. A luta diária, então, com a força que Ele dá, é para que esta mudança apareça o máximo possível também em palavras e ações.

Nesta perspectiva, podemos continuar a ver Kaká jogar. Torcendo, é claro, que sejam poucas as oportunidades dos palavrões e que logo apareça a imagem das duas mãos apontando para o céu.

O gesto que ele costuma fazer quando marca um gol.

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