As calorias da Santa Ceia

Um estudo nos Estados Unidos descobriu que as refeições nas pinturas da "Última Ceia" aumentaram com o passar dos anos. Foram analisadas 52 obras famosas deste quadro bíblico criadas no último milênio, entre elas a obra de Leonardo Da Vinci. No entanto, numa matéria sobre o assunto, um professor de estudos religiosos comentou que "não há razões religiosas para as refeições ficarem maiores”.

Tenho lá minhas dúvidas. Se as pinturas “engordaram”, concluo que não seja apenas por questão cultural, hábitos modernos que aparecem na balança. Penso que há um aspecto religioso, e que interfere no colesterol espiritual. Começando pelas palavras de Jesus, que “o ser humano não vive só de pão” (Lucas 4.4), ou “não trabalhem a fim de conseguir a comida que se estraga, mas a fim de conseguir a comida que dura para a vida eterna” (João 6.27). Julgo por aí que, ao exagerarem nas calorias da Santa Ceia, sem perceber, os artistas cozinharam religião.

E se hoje é aquela quinta-feira memorável da primeira Santa Ceia, o assunto deveria aguçar o olfato no cardápio desta mesa – este que é oferecido pelo Senhor Jesus na medida certa. Porque, dependendo dos “ingredientes”, pode haver indigestão. Foi o problema dos cristãos de Corinto, conforme advertência do apóstolo: “Quando vocês se reúnem, não é a Ceia do Senhor que vocês comem. Pois, na hora de comer, cada um trata de tomar a sua própria refeição. E assim, enquanto uns ficam com fome, outros chegam até a ficar bêbados”. É que os primeiros cristãos celebravam a Mesa do Senhor durante uma refeição completa, mas a falta de etiqueta, o egoísmo e a extravagância, queimaram o fundo da panela – a comunhão. Por isto o recado: “A pessoa que comer do pão ou beber do cálice sem reconhecer que se trata do corpo do Senhor, estará sendo julgada...” (1 Coríntios 11.20,21,29).

Portanto, outro estudo mostra que não é somente nas pinturas da Santa Ceia que os elementos sofrem modificações. Também no quadro da doutrina e da prática. Pois quando a Bíblia diz que no cálice e no pão, toma-se parte no sangue e no corpo de Cristo (1 Coríntios 10.16), são estes os ingredientes que constituem os alimentos da pintura original. Um quadro real moldurado em atitudes de amor dos que seguem aquele que disse: “Eu sou o pão da vida” (João 6.35).


Rev. Marcos Schmidt
Celsp - Novo Hamburgo, RS

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