A culpada é a televisão?
por Marcos Schmidt
Um documentário exibido pela TV francesa dias atrás mostrou até onde vai o poder da televisão sobre as pessoas.
Foi num jogo de perguntas e respostas, onde 80 voluntários foram instruídos a sabatinar um participante sentado numa cadeira elétrica. A cada resposta errada, o homem levava um choque disparado pelos voluntários. O equipamento elétrico, no entanto, era falso e o homem na cadeira era um ator contratado.
Os voluntários e a platéia, convictos de que tudo era verdade, ficaram assustados com os gritos do homem que levava choques pelas respostas erradas, e que aumentavam na voltagem a cada rodada das perguntas. Mesmo assim, seguiram no jogo da morte até a descarga fatal de 460 volts que o matou diante de todos. Claro, de forma simulada. O documentário revelou que apenas 16 dos 80 participantes não quiseram “eletrocutar” o homem. A intenção do falso show de televisão era testar o poder da televisão.
“A televisão tem poder que pode nos transformar em carrascos potenciais”, concluiu o produtor do programa.
Colocar a culpa na televisão é fazer igual ao Chaves, que disse para o Quico: "Não fui eu. Foi a bola que pegou a bola e me bateu com a bola!". É o coração humano que tem poder sobre as mentes humanas. Os meios de comunicação são meros instrumentos. As novelas, por exemplo, se fossem sadias e instrutivas, poderiam acabar com muitos problemas na família, na sociedade. Mas qual a mensagem que passam? E até onde os milhões de telespectadores conseguem separar a realidade da dramaturgia?
E neste Big-Brother, se no lugar do telefone, os da poltrona em casa tivessem um botão para eletrocutar o desafeto?
E agora, no retorno do “espetáculo Isabella Nardoni”, o que aconteceria com o casal em julgamento se os pensamentos do povo fossem armas engatilhadas?
No amanhecer daquela sexta-feira, há dois mil anos atrás, não tinha televisão nem cadeira elétrica, mas os componentes do jogo da morte estavam acionados. Porque “fizeram os seus planos para conseguir que Jesus fosse morto” narra o evangelista Mateus (27.1). Por isto a gritaria do povo: - “Crucifica-o, crucifica-o”. Pilatos lavou as mãos e a turba não enxergava mais nada. No meio do povo tinha gente boa, honesta, de igreja, de família. Mas a “televisão” do Gólgota prendeu a atenção e as mentes deles. E pior que não era encenação, mas realidade da Morte. E, por incrível que pareça, era também o espetáculo da realidade da Vida e do Céu.
Não é por nada a recomendação: “Encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente” (Filipenses 4.8). Caso contrário, se não nos cuidarmos, qualquer dia poderemos nos surpreender com nós mesmos, apertando um botão e eletrocutando alguém.
E a culpada não será a televisão...
Rev. Marcos Schmidt
Comunidade Luterana São Paulo
Novo Hamburgo, RS
marsch@terra.com.br
Um documentário exibido pela TV francesa dias atrás mostrou até onde vai o poder da televisão sobre as pessoas.
Foi num jogo de perguntas e respostas, onde 80 voluntários foram instruídos a sabatinar um participante sentado numa cadeira elétrica. A cada resposta errada, o homem levava um choque disparado pelos voluntários. O equipamento elétrico, no entanto, era falso e o homem na cadeira era um ator contratado.
Os voluntários e a platéia, convictos de que tudo era verdade, ficaram assustados com os gritos do homem que levava choques pelas respostas erradas, e que aumentavam na voltagem a cada rodada das perguntas. Mesmo assim, seguiram no jogo da morte até a descarga fatal de 460 volts que o matou diante de todos. Claro, de forma simulada. O documentário revelou que apenas 16 dos 80 participantes não quiseram “eletrocutar” o homem. A intenção do falso show de televisão era testar o poder da televisão.
“A televisão tem poder que pode nos transformar em carrascos potenciais”, concluiu o produtor do programa.
Colocar a culpa na televisão é fazer igual ao Chaves, que disse para o Quico: "Não fui eu. Foi a bola que pegou a bola e me bateu com a bola!". É o coração humano que tem poder sobre as mentes humanas. Os meios de comunicação são meros instrumentos. As novelas, por exemplo, se fossem sadias e instrutivas, poderiam acabar com muitos problemas na família, na sociedade. Mas qual a mensagem que passam? E até onde os milhões de telespectadores conseguem separar a realidade da dramaturgia?
E neste Big-Brother, se no lugar do telefone, os da poltrona em casa tivessem um botão para eletrocutar o desafeto?
E agora, no retorno do “espetáculo Isabella Nardoni”, o que aconteceria com o casal em julgamento se os pensamentos do povo fossem armas engatilhadas?
No amanhecer daquela sexta-feira, há dois mil anos atrás, não tinha televisão nem cadeira elétrica, mas os componentes do jogo da morte estavam acionados. Porque “fizeram os seus planos para conseguir que Jesus fosse morto” narra o evangelista Mateus (27.1). Por isto a gritaria do povo: - “Crucifica-o, crucifica-o”. Pilatos lavou as mãos e a turba não enxergava mais nada. No meio do povo tinha gente boa, honesta, de igreja, de família. Mas a “televisão” do Gólgota prendeu a atenção e as mentes deles. E pior que não era encenação, mas realidade da Morte. E, por incrível que pareça, era também o espetáculo da realidade da Vida e do Céu.
Não é por nada a recomendação: “Encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente” (Filipenses 4.8). Caso contrário, se não nos cuidarmos, qualquer dia poderemos nos surpreender com nós mesmos, apertando um botão e eletrocutando alguém.
E a culpada não será a televisão...
Rev. Marcos Schmidt
Comunidade Luterana São Paulo
Novo Hamburgo, RS
marsch@terra.com.br
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