Jogar fora


Semana passada a Djenane e eu passamos por uma situação interessante.
Começou na segunda. Entrávamos no carro e algo não cheirava bem. Na terça, a mesma coisa. E na quarta. Aquele cheiro desagradável era constante. A única diferença era de que a cada dia ficava um pouco mais forte.

Na sexta-feira, verificando se o porta-malas estava trancado ou não, encontrei o motivo. Lá estava o saco de lixo, daqueles de 100 litros, com os resíduos do fim de semana anterior, e mais uma sacolinha de reciclável ao lado. Coloquei ali na segunda, para levar até a lixeira do condomínio, fechei a tampa e... esqueci.

Cinco dias carregando lixo no interior do carro. Não dava para esperar outra coisa, a não ser... mau cheiro. E não resolveria jogar um frasco de perfume lá atrás. Não adiantaria colocar um perfume para carro na frente. Nem tentar fazer de conta de que não estava lá. A situação só ficaria pior. A única coisa a fazer era o óbvio, tirar e colocar na lixeira.

Para o “lixo existencial’ que acumulamos em nossa estrada, a situação é a mesma. Não adianta fazer de conta que não está lá. Não adianta dar uma perfumada do tipo “ah, mas nem é tão ruim assim”, ou “tem gente que faz pior”. Não dá para fechar a tampa e tentar esquecer. O que não presta mais vai continuar lá, cheirando mal. E, pior, poderá começar a afetar os ambientes em que circulamos.

Perdão, no sentido bíblico, é este processo. Reconhecer o que em nós não presta e desfazer-se disso. Jogar fora, livrar-se do que pesa, atrapalha, cheira mal. E lançar na lixeira de Jesus Cristo, que em troca nos devolve um coração novo, pronto para continuar rodando. Coração arejado, cheirando a vida, e com menos conteúdos que apodrecem e causam mal.

Para mim, o episódio foi uma boa lembrança da importância de conferir constantemente duas coisas: o porta-malas e o coração.

Comentários

Anônimo disse…
Sempre seus relatos são muito enriquecedores! Mas nem por isso, eu ficaria sem contestar só um pouquinho.
Dar um “cheiro” um pouco mais intrigante!
Ok! Então era um saco de 100 litros! Mesmo tratando-se de um casal, porque a cada dia, um ou outro já se compromete a colocar aos poucos um tanto por dia este lixo?
Porque deixaram encher um saco tão grande se, seria bem mais fácil a cada saída levar em pequenos sacos, para que este lixo não acumulasse tanto!???? E a cada dia cada vez mais, mal cheiroso!??
E se ficasse a cada um (do casal) limpar, ou recolher o seu próprio lixo? Evitando assim que:
O odor ficasse forte? Causando desconforto, ao entrar no carro!
Que o odor fosse sentido por ambos? Considerando que às vezes o “lixo” de cada um tem características e até um odor diferente!
A crítica esta feita! E a solução também!
Eu ainda acho que, cada um tem que responsabilizar-se por seu “lixo”! Isto não caracteriza individualidade, mas pra mim significa respeito!
Tenha uma Abençoada semana!
Até!
Lucas Albrecht disse…
De fato, lidar com nossos lixos é uma árdua tarefa diária.

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