o centro

É uma coisa que todo mundo gosta: ser o centro em algum momento. Mas poucos sabem lidar com isto da maneira adequada: saber ser. A dificuldade não deveria ser tanta, já que damos tanto valor a isto. Mas não é. Neste campo, nem sempre jogamos a partida da maneira que melhor convém.

Há aquela hora em que nossas qualidades vêm à tona. Somos o centro das atenções. É o momento do elogio, do reconhecimento, da apreciação. E não há problema nenhum nisso. Ao contrario, ocasiões como estas nos alimentam de um combustível que dinheiro nenhum do mundo pode comprar.

Mas aí chega o momento do outro ser o centro dos olhares. E aí a coisa complica. Há muitos que não sabem reconhecer este momento e tentam chamar a atenção pra si. Têm uma dificuldade muito grande em ser afluente, e não receptor das águas do elogio (especialmente com colegas da mesma profissão). Fazem piadas, sempre têm um comentário (bom ou ruim...) para acrescentar. Contam que eles também uma vez conheceram alguém que sabia fazer isso que o fulano fez. Aliás, sabia fazer ainda melhor. Ou sabem dede um caso em que a pessoa que fez aquilo depois acabou não se dando muito bem. Distraem. Desviam. Sentem-se inferiores – normalmente sem motivo para tal - e tentam trazer os demais para a mesma posição.

Pais sempre têm sabedoria, e quando é o pai da gente, nos parece ainda mais sábio, não? Pois o meu pai nos ensinava, “é preciso saber a hora de ser o centro e é preciso saber deixar o outro também ser”. Boa. Saber reconhecer o momento do outro é tão importante quanto curtir o nosso próprio. Pois ninguém é o centro o tempo inteiro. É algo bem desagradável presenciar a cena: na hora de saber ser periférico, alguém tentar atrair o centro pra si.

Quem consegue ser sempre o centro, de verdade, é Deus. Comparados com Ele, todos somos periféricos. Mas Ele quis nos atrair. Centralizou em Cristo o caminho que nos faz ser chamados de filhos e nos trouxe para o centro de seu amor.
Viver com Ele inclui repartir este amor. E repartir este amor incluiu saber dar um passo atrás quando é hora de outros darem um à frente. Não há nada de pequeno nisso. Aliás, é gesto de extrema grandeza. E não muitos sabem fazê-lo.

É importante saber a hora de ser o centro. È muito importante deixar o próximo, na sua hora, sê-lo também.
E é muito, muito bom aprender a enxergar a diferença entre os dois.

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