Pregação e prática
Religiosos,
em geral, têm vida mais dura do que alguns ídolos pop e
famosos.
Os
religiosos precisam primeiro praticar tudo o que dizem para que se queira ouvir
o que pregam. Qualquer sinal de erro ou deslize, ou mensagem ‘desatualizada’,
contra valores de consenso momentâneo, imediatamente faz a mensagem ser
criticada e esvaziada. Se o erro for mais sério, do tipo bebidas em excesso,
vida promiscua ou drogas..nem pensar. É o fim.
Já
alguns ídolos pop e famosos pregam moral e condenam o mundo em canções e
declarações. Letras cheias de razão, denúncias contra o sistema e a ‘sociedade
podre’, moralismos de consenso sobre os erros que os outros vivem cometendo e
auto-justificativas ancoradas no “tenho erros e defeitos como todo mundo”. Não
precisam se importar em momento algum se vivem de fato ou não o que pregam,
mesmo se houver bebida em excesso, vida promiscua, apologia ou consumo de drogas
ou outras atitudes que sirvam de péssimo modelo não só para jovens, mas pra todo
mundo... Trata-se de “estilo de vida”, “personalidade”, “atitude”.
E,
sim, é verdade que têm erros e defeitos como todo mundo.
O
problema é que, independente disto, no fim muitos são louvados como mitos e
exemplos.
Mas
os religiosos – ao menos os cristãos - já sabem disso tudo. Conhecem a cruz que
precisa ser carregada. O peso constante de procurar assumir o que se crê e
agüentar julgamentos que às vezes vem de quem acredita que pagar as contas em
dia, não matar e não roubar(seja a interpretação que se dê para isto) é o
suficiente para uma vida modelar.
O
curioso é que, na verdade, os cristãos levam uma vantagem, que chega a ser até
covardia: o seu Modelo, que é também o único exemplo perfeito de coerência
pregação--prática. Sua pregação é precisa, preciosa e providencial.
E
a vantagem vai ainda mais longe. Jesus não é apenas modelo, pois se assim o
fosse, a vida continuaria uma batalha ingrata, já que ninguém consegue imitá-lo.
Mas Ele é Salvador. Ele carregou toda a incoerência humana sobre suas costas,
arcou com todo o peso para dar certeza de que, pela fé, não precisamos imitá-lo
perfeitamente, mas sim ter a fé que está perfeitamente ajustada por Ele dentro
do coração. E que, então, passa a ser vivida na prática do melhor jeito seja
possível exercer. Sua mensagem é duríssima, a ponto de dizer que, em ultima
análise, ninguém é coerente, nem modelo, nem exemplo. Mas é preciosíssima a
ponto de mostrar que todos podem ter Nele a fonte de perdão e o modelo de
amor.
Vale
destacar que Jesus não morreu pelos
religiosos. Ele o fez por todos, sem distinção. Por isso, não é
questão de condenar ninguém, mas de oferecer descondenação a todos. Todos, do
menor ao maior, do mais errado ao menos errado - caso isso fosse possível
distinguir -, todos precisam do amor que vem da fé nEle. Para que, apesar da
vida dura que todos, religiosos ou não, têm para unir pregação e prática, no fim
tudo não vire apenas mito.
Mas
que Ele seja a Verdade, a Vida e a Presença Real. Na vida e no fim
dela.
Rev. Lucas André
Albrecht
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