Lei e Graça

Você ouve um discurso cristão e ele soa como uma cartilha completa do como agradar a Deus.

Você ouve outra palavra cristã e ela desenha somente o cenário de tudo o que não se deve fazer, para não desagradar a Deus.

Você ouve mais comunicações cristãs e pensa que está ouvindo somente o decálogo de como ser moderno, socialmente aceito e ligado ao que há de melhor e mais tolerante, apenas se seguir aquelas regras que ali constam.

Ao contrário do que possa parecer, na verdade, pregações como esta, e muitas outras, não são cristãs. Ou melhor, sendo mais preciso, cumprem apenas parte do que prevê a comunicação bíblica.

A parte que elas cumprem, tem o nome de Lei. Isto se refere a todas as cobranças, imperativos, condenações e determinações que a Bíblia apresenta. E não são poucas. Mesmo que se pegue apenas o Novo Testamento (que, no imaginário popular, não tem lei, ao contrário do Antigo), imperativos e leis não faltam. Começando com o resumo da Bíblia inteira, dada pelo próprio Cristo: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração...amarás o teu próximo como a ti mesmo.” São frases perfeitas, já que ditas pelo próprio mestre. Mas são...Lei.

E o que isto significa? Significa que aponta para, exatamente, o que não conseguimos fazer. Nunca. Nem de modo parcial, quanto mais, perfeito. A partir daí, podemos ver o quão  equivocado é querer transmitir uma mensagem cristã completa anunciando apenas lei. “Faça isso, não faça aquilo, tolere,  não tolere. Ajude, não ajude. Faça a sua parte. Não seja assim. Ponha a mão na consciência. Mais amor, menos ódio”....

Tudo Lei. E toda a Lei bíblica termina nisso: acusar aquilo que não conseguimos fazer.

Mas a lei tem seu objetivo: preparar caminho. Quebrar o coração em seu orgulho e vaidade, criando o terreno propicio para a semente do Evangelho da Graça de Deus. Ai, temos uma mensagem cristã completa. Pois a Graça restaura, levanta, alimenta. A Graça perdoa, anima. A Graça salva. A graça fortalece. Sem ‘mas’, sem ‘talvez, sem ‘só que’. É Graça. E ponto. Tudo o que vier depois é resposta a ela. E também constante volta, já que, ali adiante, a lei vai nos acusar, novamente, de tudo o que falhamos em ser e fazer.

Por isso, andar com Jesus Cristo é um andar na Graça de Deus. É ser porta-voz da lei que denuncia o pecado, sim. Mas é ai que termina sua eficácia. A lei não melhora, não anima, não salva ninguém. Isto é trabalho do Evangelho de Jesus Cristo. É nele que o ser humano é abraçado, confortado, fortalecido e enviado ao mundo para ser reflexo desta graça na vida em que está inserido. Esta é a vocação que recebemos pela fé Nele. Anunciar a única igualdade real e ao alcance – aquela dos filhos diante do Pai..

Ao contrário do que possa parecer, portanto, a vida cristã não é um eterno cobrar e cumprir leis.

Mas sim, um constante viver e crescer na Graça.


(P. Lucas André Albrecht)

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