Religião II

Quando se fala sobre os problemas nas religiões, pode emergir uma certa impressão de que, talvez, viver sem religião seja um pouco, ou um muito, melhor do que ter uma.  Talvez pelo pensamento de que assim ao menos não se tenta ser um ‘santo’ que frequenta igreja mesmo cometendo erros como todo mundo.
É fundamental relembrar: a verdadeira religião cristã não existe para ‘criar santos’, humanamente falando. Esta visão não é bíblica. A Igreja não é um clube de santos(perfeitos), mas um hospital de pecadores. Lugar para sermos curados, restaurados na Palavra de Deus e nos Sacramentos, especialmente a Santa Ceia, e sermos enviados novamente à vida diária para procurar viver a fé na prática. Sempre com a consciência de que continuamos a depender de Deus para tentar evitar o erro e fazer o que é correto.

Em alguns momentos, o humorista confronta os cristãos com as supostas ‘incoerências da fé crista. Zomba da Trindade, da concepção virginal em Maria, entre outros ensinos bíblicos. Este é o momento em que, sabendo ou não, dá força à fé cristã. Constatar aquilo que é “louco” para a mente humana é chegar exatamente no que é claro e básico para a fé. Sempre que alguém demonstra as ‘irracionalidades’ da Palavra está reforçando Sua confiabilidade, já que a mensagem central do cristianismo é o ‘escândalo ‘ e ‘loucura’ da cruz de Jesus Cristo. 

Como mencionado anteriormente, existe atualmente uma forte tendência de negação da religião, pensando-se em grupos organizados. O argumento, em alguns casos, demonstra que estes grupos afastaram-se do jeito original de viver em comunidade. Viver a  vida religiosa em particular, de maneira mais direta e pessoal, parece ser o melhor, a postura mais próxima do ideal dos primeiros cristãos.

Não há dúvida de que a forma organizada de religião sempre traz seus problemas, tradições prejudiciais ou ‘vícios’, digamos assim. No entanto, ela trouxe, ao longo dos séculos, formas organizadas de se preservar não só formas e ritos, mas também essência e conteúdo. Possivelmente é graças à religião organizada que hoje qualquer pessoa pode também, se quiser, viver sua vida religiosa particular.

Na verdade, isolar-se de grupos e viver o ‘contato direto com Deus’ é também uma forma organizada de religião. Só que aqui não há determinadas praxes e ordenações que a Igreja agregou ao longo do tempo. Quer dizer, ainda não. Pois já existe a forma pessoal de fazê-lo. Já existe uma ‘liturgia’ e um ‘procedimento’ particular. Este pode ser levado á família. E depois para a geração que vem. No fundo, isolar-se da religião organizada é organizar a própria religião e ser o próprio líder dela.

A intenção aqui não é julgar se é está certo ou errado, mas demonstrar que todos somos litúrgicos, rituais, e sempre nos organizamos, mesmo que minimamente, no que fazemos. Não saímos de um grupo por sermos contra religiões, mas eventualmente  por não concordarmos com aquela manifestação organizada especifica. Em casa, no trabalho ou onde estivermos, vamos acabar criando a nossa instituição, mesmo que seja de uma pessoa só.


(continua)

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