Luz

A Catedral de pedra em Canela, RS, estava com um bom público na noite de sábado, 15.12, quando o Coro Sacro da Ulbra iniciou seu Concerto Natalino com os primeiros acordes de ‘I’m Gonna sing’. Mas ficou bem mais cheia depois que algo inesperado aconteceu.

Bem no meio da quinta ou sexta música, faltou luz. Escuridão total não apenas na Igreja, mas na cidade inteira. Os coralistas não mais podiam contar com suas pastas e partituras e quase não mais enxergavam a regência do Pastor Paulo. Eu não pude mais conduzir ao microfone trechos bíblicos intercalando as músicas. Os presentes não puderam mais ver a expressão dos cantores. A maioria não conseguia mais ver um palmo além do olhar.

Mas foi então que viram - e ouviram - muito mais.

A luz parou, mas o Coro, não. Seguiu seu canto. “É Natal...”. Flashes de câmeras começaram a lançar clarões sobre os rostos determinados do regente e coralistas. Centenas que estavam do lado de fora entraram e a Igreja lotou. Ao mesmo tempo, o seminarista Luciano e ajudantes colocavam velas nos degraus do altar ao redor de todo o coro.

A falta de luz, que parecia indicar uma tragédia, proporcionou um momento único.
O preparo, a convicção e a vontade de seguir em frente fizeram Coro vencer a escuridão.

E a escuridão, de repente, conduziu milhares de pessoas para a luz.

Não apenas para a luz das velas, que modelava os rostos, que contornava o canto, que emoldurava as melodias. Mas para o conteúdo transmitido, que viajava pela nave da catedral em direção a muitos corações. O que era murmúrio no fundo virou silêncio. Onde havia trevas, de repente houve luz. De velas. De vozes. De Vida.

Diante de centenas de olhares, uma clara ilustração para um concerto de Natal: Jesus, a luz do mundo, atrai a si corações em meio à escuridão do mundo. Atraídas pelo seu brilho, por Sua voz, pelo seu encanto, encontram Nele a mensagem de paz, salvação, recomeço. Vidas apagadas que, num instante, se iluminam.

E também uma clara inspiração para o nosso concerto pessoal. O Coro Sacro foi até o fim com sua apresentação. Em nossa vida, podemos seguir confiantes até o fim, sem medo da escuridão. A luz sempre prevalece. Se até com a elétrica, que mais tarde voltou à serra gaúcha, é assim, muito mais com a Aquela que nos ilumina o coração. E, neste caso, podemos contar com mais do que preparo, convicção e força de vontade. Pela fé, estamos ligados à fonte da Luz.

E esta, pode confiar, nunca falta.

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