Estável

Silvio e Antônio voltavam do horário de almoço quando passaram por duas colegas de trabalho que vinham na direção oposta.
-Passamos por elas todos os dias nesse horário, não? – comentou Antônio.
-Sim, são lá do andar de baixo, concordou Silvio
-Já notou que elas nunca cumprimentam?
- Pois é.
- Ás vezes me dá uma curiosidade.. o que será que essas duas antipáticas estão pensando?
- Olha...graças a Deus eu não sei.

É melhor assim. Mesmo que dê curiosidade de saber porquê este não olha, aquela não cumprimenta, o outro faz uma cara que parece que não gosta da gente. Saber o que os outros estão pensando.

Graças a Deus não sabemos.

Basta pensar no contrário. Vamos tentar fazer uma lista de possíveis pensamentos de pessoas com quem convivemos, diária ou regularmente.
“Como é antipática, cruzes”
“Que bom passar por aqui todo dia, acho ele uma gracinha”
“No mínimo é mais uma daquelas pessoas chatas”
“Vai ver é puxa saco do chefe, por isso tem esse cargo”
“Ela esta sempre de bem com a vida”
“Só de olhar pra cara no primeiro dia já não gostei”
“Como ela se veste bem, dá gosto de olhar”

Aonde isso vai nos levar? Os reflexos rápidos do espelho de nosso ambiente social não são fiéis. Nunca são. Porque poucas são as pessoas que realmente conhecem nossa clara e nossa gema. A maioria só vê a casca.
Se soubéssemos tudo o que os outros pensam a nosso respeito, fatalmente isso influenciaria nossa percepção de nós mesmos. Querendo ou não. E aí estaríamos sujeitos a tantos pensamentos diferentes e contraditórios que não teríamos segurança sobre quem e como exatamente somos. Uma vida totalmente instável. E talvez em breve uma camisa de força do nosso número apareceria sobre nossa mesa.

É de dentro pra fora que se constrói valor. A partir do caráter, dos princípios, do coração, das idéias. Qualquer pensamento ou julgamento que desconsidere isso, vai estar bastante fora de rota. Tudo bem, é possível reconhecer características das pessoas pelos seus gestos, postura, olhar, entre outros. Mas assim se conhece a superfície e um pouco além, nunca o fundo do mar..

É muito melhor saber o que Deus pensa sobre nós. Especialmente quando estamos com o caráter fundamentado nos princípios que Ele nos dá. Pela fé temos valor já de saída, não só quando nossa imagem chega na retina alheia. Somos filhos, somos amados, recebemos dons. Ou seja, uma opinião absolutamente estável, que não muda conforme o clima, o humor, a temperatura ou a expressão facial.

Esta é uma forma de viver com segurança. Evitando ocupar espaço de memória com todos os pensamentos alheios, mas pensando no que, impulsionados por esta fé, podermos fazer, nossa superfície será o melhor reflexo possível das riquezas de nosso oceano pessoal.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Nos trilhos

O Carpinteiro e os jardineiros